UFRGS - Pesquisadores mapeiam saúde mental em universidades um ano após as enchentes no RS

As enchentes provocaram um aumento nos casos de ansiedade, depressão e transtornos de estresse pós-traumático, além de evidenciarem falhas nas políticas de prevenção", explica o professor Flávio Kapczinski, coordenador nacional do estudo.

RENASAM

5/28/20253 min read

Um ano após a pior tragédia climática da história do Rio Grande do Sul, que deixou 183 mortos e causou um prejuízo de R$ 87 bilhões, os impactos na saúde mental da população gaúcha tornam-se ainda mais evidentes. Diante desse cenário alarmante, o Brasil dá início, de forma inédita, ao primeiro Estudo Nacional de Saúde Mental nas Universidades (Enasam-U), coordenado por pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). O estudo tem como ponto de partida o ambiente acadêmico da própria UFRGS.

"As enchentes no Rio Grande do Sul provocaram um aumento nos casos de ansiedade, depressão e transtornos de estresse pós-traumático, além de evidenciarem falhas nas políticas de prevenção. Nem todas as pessoas afetadas desenvolvem transtornos mentais, mas essas vivências devem ser reconhecidas como formas legítimas de sofrimento, com potencial para agravar doenças pré-existentes ou até mesmo desencadear novos problemas de saúde", explica o psiquiatra e professor Flávio Kapczinski, pró-reitor de Pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e coordenador da Rede Nacional de Saúde Mental (Renasam).

Para Kapczinski, a situação torna-se ainda mais alarmante quando se observa o impacto entre populações mais vulneráveis, como os jovens: desde 2011, as taxas de suicídio entre brasileiros de 10 a 24 anos têm aumentado cerca de 6% ao ano, enquanto as notificações de autolesões registram um crescimento anual de 29% no mesmo período.

“Ao analisarmos o período pós-pandêmico, os números revelam um cenário ainda mais preocupante, evidenciando a fragilidade da rede de proteção social voltada aos jovens brasileiros. Por isso, conhecer os efeitos e os desafios atuais relacionados à saúde mental nas universidades é essencial para construir um panorama representativo da realidade do país, o que, certamente, contribuirá para o redirecionamento de políticas públicas nessa área, tanto em nível regional quanto nacional”, afirma.

Além da UFRGS, a pesquisa será realizada com estudantes e servidores de outras 49 universidades públicas em todo o Brasil, abrangendo pessoas com idades entre 18 e 75 anos. A coleta de informações detalhadas será feita por meio do envio aleatório de questionários on-line, além do agendamento de entrevistas diagnósticas por telessaúde, voltadas à avaliação da saúde mental.

O início da pesquisa em cada localidade ocorre após a aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa, seguindo os critérios éticos e garantindo a privacidade e a confidencialidade dos participantes. Para viabilizar o rastreamento em todo o território nacional, foi criada a Rede Nacional de Saúde Mental (Renasam), que desempenha um papel fundamental na articulação de grupos de pesquisa voltados ao desenvolvimento e à inovação em saúde mental.

Além disso, a Rede tem como objetivos conduzir estudos inovadores e disseminar informações atualizadas, com o intuito de ampliar a conscientização sobre o tema e combater o estigma associado aos transtornos mentais.

Sobre a Rede Nacional de Saúde Mental (Renasam)

A Renasam é uma rede de pesquisa, que tem como objetivo desenvolver, articular, multiplicar e disseminar conhecimento científico e tecnológico em Saúde Mental. Lançada em maio de 2024, a Rede conta com pesquisadores de todas as macrorregiões brasileiras. Além do Enasam-U, voltado para o contexto das universidades públicas brasileiras, um segundo estudo será lançado em breve com foco na saúde mental da população brasileira em geral.

Nele, será avaliado pela primeira vez no país a frequência de diagnósticos de saúde mental em todo o território nacional, com a realização de oito mil entrevistas de triagem conduzidas em domicílios selecionados aleatoriamente. Em seguida, será feita uma entrevista on-line síncrona conduzida em uma sub-amostra aleatória de indivíduos que responderam à triagem.

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